sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Jesse James: a lenda é uma mentira...


O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford
Título original: The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
De: Andrew Dominik
Com: Brad Pitt, Mary-Louise Parker, Brooklynn Proulx, Casey Affleck

Um dos mais famosos bandidos americanos, muitas histórias foram escritas sobre o lendário Jesse James (Brad Pitt). Em 1881, Jesse tem 34 anos. Enquanto planeia o seu próximo assalto, o bandido continua a fazer frente aos inimigos que cobiçam não só a recompensa pela sua captura mas também a glória de o terem vencido. Mas a maior ameaça pode estar no seio do seu grupo de aliados.
Jesse pode não passar de um criminoso para aqueles que roubou e para as famílias dos que assassinou, mas ao mesmo tempo o bandido é também alvo de admiração: uma espécie de "Robin dos Bosques" que assaltava bancos e proprietários dos caminhos-de-ferro que exploravam os pobres agricultores; um soldado injustiçado que se vingava de quem lhe tinha destruído a vida, um espírito livre. Entre os seus admiradores estava Robert Ford (Casey Affleck), um jovem que sonhava com o dia em que cavalgaria ao lado do seu ídolo.
Quem terá sido realmente Jesse James? E quem foi Robert Ford, este jovem que, com apenas 19 anos, se tornou no cobarde que alvejou Jesse pelas costas, abatendo a lenda que dez estados não tinham conseguido capturar. O que terá acontecido nas horas que antecederam o tiroteio? Será que algum dia se saberá toda a verdade?
(Cartaz Público)

O tempo custa a passar, arrasta-se, pesa. Respira-se o frio do Inverno e sente-se a crueza da vida no Oeste americano, inóspita, que molda as gentes e lhes traça o destino.

A narrativa serve-nos uma história sobejamente conhecida, em que uma morte anunciada é-nos avançada aos poucos, narrativa feita de avanços e recuos que mantêm a tensão.

Segundo o próprio realizador, este filme é mais um filme de gangsters do que um western. O efeito da fama sobre os homens é, talvez, o ponto fulcral: se, por um lado, Jesse James, vítima do seu próprio mito, pressente que o seu fim está próximo e apenas aguarda (ou determina?) quem o irá matar (perpetuando, assim, o seu mito), Ford, o assassino, acaba por confidenciar que, matando-o, "esperava os aplausos"... A proclamada cobardia de Ford é uma injustiça, assim como injusta será a fama de Jesse, pois que não passa de um pistoleiro, frio e perturbado, que encurrala Ford na sua teia e o "obriga" a cumprir-lhe o destino.

Numa altura em que os westerns já estão - há muito! - fora de moda, surgem agora três estreias: O assassínio de Jesse James..., O comboio das 3 e 10 e, a estrear brevemente, Este país não é para velhos. A indústria cinematográfica aposta, cada vez mais, nos efeitos especiais e na velocidade da acção, o que não se compadece com o ritmo naturalmente lento de um verdadeiro western porque, como será fácil de imaginar, o quotidiano nos finais de dezanove, perdido algures no imenso Oeste, não seria propriamente muito agitado... É, pois, um remar contra a corrente, um desafio abraçado por realizadores que acreditam que os filmes não podem encostar-se aos clichés de que os espectadores gostam, necessitando do rigor e da audácia que uma comédia ou uma película de acção dispensam. A exigência que paira sobre o realizador também é diferente: não fazer um êxito de bilheteira, apenas um filme forte e verdadeiro (revista Visão, nº 774, 3 Jan.2008, p. 105).

9 comentários:

Capitão-Mor disse...

Hum...por acaso não sou grande adepto de westerns, mas o elenco é fantástico!
Bom fim de semana

Outonodesconhecido disse...

amanhã é dia de concerto de Ano novo. Vou na 2º feira.
bjs Jasmim, hoje outonodesconhecdo

Paulo disse...

Obrigado pela visita. Não foi "mentira".
Até sempre
Paulo

Oliver Pickwick disse...

Gosto dos westerns! Acredito que já assisti a todos os clássicos das décadas de 40, 50 e 60, quando deu-se por encerrada esta saga, com Era Uma Vez No Oeste (Once Upon a Time in The West), de Sérgio Leone, 1968.
Por sinal, assisti hoje pela segunda vez. É muito bom, em cinemascope, uma bela fotografia e um clima tenso durante todo o filme. Além do mais,só a trilha sonora do Enio Morricone já vale o filme.
Esse que você fez a crítica, acerca de Jesse James, foi lançado no Brasil. Tenho minhas dúvidas se irei vê-lo.
"...não fazer um êxito de bilheteira, apenas um filme forte e verdadeiro".
Minha prezada Paula, você acredita nisso?
Beijos, e um bom Domingo!

Paula Crespo disse...

Mr. Pickwick,
Era uma vez na América é o rei dos westerns! Simplesmente fabuloso e com uma banda sonora divina.
OK, êxito de bilheteira ou não (possivelmente não irá sê-lo), mas forte é, sem dúvida. Seja como for, e apesar do exagero da afirmação dos realizadores, percebe-se a ideia, não?
Bjs e boa semana!

Paula Crespo disse...

Oliver Pickwick,
Enganei-me no título: Era uma vez no Oeste", obviamente...

Paula Crespo disse...

Paulo Sempre,
Subtilezas...

Ana A. disse...

Tal como disse eu não gostei.
Achei fraca a história. Um filme que se arrastou 3h para uma história que podia e devia ser contada em 1h apenas.
Achei o Brad Pitt fraco. Já o Casey Afleck fabuloso. Mas não o suficiente para fazer do filme algo de notável.
A única coisa fabulosa para mim é a banda sonora.
Tudo o resto se arrasta.

Paula Crespo disse...

100 Sentidos,
E viva a diferença de opiniões. Saudável!