A propósito de Neo-Realismo, transcrevem-se três definições retiradas de três dicionários diferentes e que são utilizadas no Museu, como introdução ao tema:
"Neo-realismo: movimento literário, surgido em Portugal no terceiro decénio do séc. XX, que, inspirado na literatura norte-americana de preocupações sociais e no romance regionalista brasileiro, procurou instaurar uma literatura comprometida com os princípios do realismo socialista, tematizando sobretudo as condições de vida dos camponeses." in: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Lisboa, Círculo de Leitores, 2003
"O neo-realismo literário pode definir-se como um movimento que se desenrolou aproximadamente entre finais dos anos 30 e finais dos anos 50 deste século [XX], num contexto particular, correspondendo a parte do tempo histórico-político do salazarismo e sob o signo ideológico e cultural do marxismo." in: Biblos, Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, Lisboa, Verbo, 1999.
"S.M. (de neo-+realismo): movimento artístico, literário e filosófico que floresceu no pós-guerra, propondo uma revalorização do realismo tradicional e que, inspirado no materialismo dialéctico, procurava representar e dar voz aos anseios das camadas proletárias." in: Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, Lisboa, Editorial Verbo, 2001, Vol.2
Ainda a este propósito, remeto-vos para um post do crítico de arte Alexandre Pomar, O museu da arte-e-literatura comunista? no seu blogue, sobre o conceito de neo-realismo, a expressão desta corrente artística e literária em Portugal e o novo museu agora criado.
Neste Museu estão patentes ao público várias exposições, das quais destaco duas:
A primeira, que ocupa o 2º e 3º pisos do Museu, Batalha pelo Conteúdo – Movimento Neo-Realista Português, estará disponível até Outubro de 2011, e pretende dar uma panorâmica sobre o movimento neo-realista português nas diversas áreas - literatura, artes plásticas, música, teatro e cinema. É com o som e as imagens das gravações de Acordai!, (Coro de Fernando Lopes-Graça, durante o 1º de Maio de 1974), do último e emblemático concerto de Zeca Afonso no Coliseu, a 29 de Janeiro de 1983 e, finalmente, do igualmente memorável concerto de Carlos Paredes em 1992, no Teatro São Luiz, que percorremos uma parte da nossa identidade e da nossa história contemporânea. Desde meados dos anos 30 do século passado, com a génese do movimento reflectindo as questões político-sociais, tanto internacionais (a crescente divisão entre fascismo e comunismo, passando pela Guerra Civil de Espanha, a II Guerra Mundial, ...) como os problemas nacionais (a campanha de Humberto Delgado em 1958, ou a crise académica de 1963, culminando, obviamente, no 25 de Abril de 1974).
A segunda exposição por mim salientada, O Desenho na obra de José Dias Coelho, ocupa o 1º piso do Museu e estará patente ao público até ao próximo dia 6 de Abril.
Alguém se lembra quando Zeca cantava: "... e o pintor morreu"?...
3 comentários:
Um importantíssimo movimento que deu, na literatura, autores como Joaquim Namorado, Alves Redol, Armindo Rodrigues, Mário Dionísio, Soeiro Pereira Gomes, Leonel Neves, Sidónio Muralha, Manuel da Fonseca, Ó Neil (que mais tarde chegou quase ao surrealismo) e tantos outros.
E tantos outros, claro. A Alves Redol é atribuído o baptismo desta corrente neo-realista, patente no museu com o nome de Batalha pelo Conteúdo (muito interessante este nome...)
Espero passar por lá brevemente...
Enviar um comentário