segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Entre nós...


Fez ontem um mês que T. partiu alegremente para T., em I. Não interessa escancarar aqui a geografia dos nomes e lugares: quem sabe, sabe e a quem desconhece também nada muda. Há-de regressar em breve, mais completo. Necessariamente. Fica por enquanto a saudade, apesar da alegria da certeza de que vive bons momentos. E veio-me à memória, não uma frase batida como diz a canção, mas um texto de T., que me inspirou este outro à laia de resposta, mais curto, mas intenso:

Se eu fosse uma esferográfica, rabiscaria palavras de saudade e ternura,
Pintaria com cores garridas a tua imagem, para que os outros vissem aquilo que nunca esquecerei,
Traçaria uma linha que encurtasse a distância que vai de mim a ti.
Se eu fosse uma esferográfica, brilhante como tu gostavas quando eras criança.................
Se.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Os abraços de Pedro


Falar de Almodôvar é um exercício estafado, de tantas vezes feito. Falar da sua pintura de cores garridas e tons quentes, escaldantes mesmo, também não é nada de novo. Falar de como este espanhol excêntrico nos mostra uma Espanha (será que é só Espanha?... Claro que não) de habitantes impetuosos, com sangue do Sul e vidas cheias de emoções várias e choros desvairados, apenas sublinha o óbvio das suas personagens, o que está visível a olho nú.

Mas este último filme do cineasta é algo mais do que isso. Estes Abrazos Rotos são um registo de maior maturidade, em que se mantêm os ícones característicos de Almodôvar – as suas cores e emoções -, mas em que todos os aspectos cinematográficos sofreram, a meu ver, um upgrade notável: a estética muito cuidada, nos seus laivos neo-pop, em que os cenários rimam com um guarda-roupa a condizer; os planos que acentuam o drama vivido pelas personagens; os ângulos bem escolhidos; os diálogos bem articulados e uma construção da narrativa que, apesar de sinuosa, orienta o espectador através de uma história densa.

Os críticos da nossa praça parecem não aplaudir estes Abraços. Dizem que o realizador está nostálgico de si próprio e que o filme não passa de um drama intelectualizado. Quem sou eu para os contradizer? Ninguém, apenas alguém que saiu da sala de cinema com a satisfação de ter visto se não o melhor pelo menos um dos melhores filmes de Almodôvar. Um mimo!