quarta-feira, 17 de junho de 2009

Mimos de ouro

Saiu de um, ainda com os sons desvairados na cabeça, para correr para outro espectáculo. Que o primeiro tinha sido uma experiência absolutamente arrebatadora, que começava devagar para crescer, imparável, preso numa espiral sufocante, sempre redonda, sempre em círculo…

Assim, correu para a outra sala a pouca distância da primeira. Comprou o bilhete e correu, uma vez mais, para engolir o pão que lhe adormeceria a fome e lhe permitiria concentrar-se noutro som e noutras imagens, bem diversas das que enchiam a primeira sala rendida àquele som religiosamente alucinado.

Sentou-se e esperou. Sentou-se e apurou os sentidos. Sentou-se e deixou-se invadir pela voz de veludo que a abraçava, que tudo e todos envolvia, remexendo velhas músicas desta vez maquilhadas por uma orquestração que só lhes dava nova morada para o sentimento de sempre. Dá gosto, pensou. E pensou mais ainda. Pensou que estava perante a versão masculina da Diva, da Senhora do fado. Pensou também que, de certo modo, ela perpetuava-se não através de uma mulher, como esperado, mas sim pelo timbre grave e sério e seguro desta voz de homem que, timidamente, se apresentava perante a plateia que o aplaudia de pé, uma e outra vez.

Saiu para a noite quente, reconfortada. Saiu com um sorriso na boca e um som de qualidade na alma. Saiu para o abraço apertado que coroava esta noite quente cheia de música. Saiu…

(Outros comentários a este concerto em “Carta Branca a Camané”…)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A reinvenção do circo

De animação de rua ao estrelato das tournées internacionais. Vinte e cinco anos a crescer e a amadurecer a ideia de reinvenção do circo. Magia pura, transposta em cor, música e, sobretudo, alegoria. Uma espécie de viagem ao nosso imaginário, uma viagem executada na perfeição dos cenários e da performance. Imperdível, sem dúvida.

Aqui fica uma pálida ideia do Varekai, último espectáculo do Cirque du Soleil, que me deliciou durante uma bela tarde de domingo e que conta a história do renascimento de um anjo depois de ter caído numa floresta mágica localizada no topo de um vulcão.

Palavras para quê? São artistas… de todo o mundo!



sábado, 6 de junho de 2009

Educação para a felicidade

(imagem da net)


Pressinto por aí um levantar de sobrolho, desconfiado e incrédulo: o título parece pomposo, descabido e piroso. Não, não tenciono dedicar-me à escrita de folhetins, nem de guiões de novela.

Ele surge porque há dias tive conhecimento de um programa de tempos livres para crianças, organizado por uma pequena empresa que se dedica a estas artes, e que me pareceu marcar pela diferença. A sua proposta vai no sentido de chamar a atenção das crianças para os pequenos nadas do dia-a-dia, para as coisas positivas que vivem na sombra, pois estamos demasiado amestrados para valorizarmos os tons negros em vez de outros mais luminosos. Desta forma, a proposta de ocupação do tempo de férias das crianças e jovens contempla a promoção de algumas actividades, na sua maioria muito simples, mas que ajudem a reconhecer os aspectos positivos da vida, já que para os outros existem demasiados treinadores, desde os media a cada um de nós. Assim, intercalam as actividades tradicionais, as desportivas e as idas à praia, com outras, em que lhes pedem para descreverem o que vêem de bonito, ou de bem feito no seu caminho de casa para a escola, por exemplo; organizam jogos em que o objectivo seja enumerar características positivas dos colegas de grupo, de modo a que no final do jogo cada um tenha sido presenteado com uma lista de qualidades que os outros lhes atribuem.

Aprender a valorizar o que de bom nos rodeia em vez de nos focarmos eternamente nas contrariedades, é a pedra de toque para a construção da felicidade. Apetecia inseri-la nos programas curriculares: educação para a felicidade, que podia englobar também temas de educação cívica e outros. A ideia, apesar de não ser minha, perfilho-a. Fundamental e urgente.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Lamento ou confissão?...

Que prenunciava esta voz de Cigala, que assim entrava por ali dentro, rasgando um Eu sei que vou te amar anteriormente de Vinicius?...
Lamento ou confissão. Ou ambos. Fechem os olhos e embalem-se…