quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mr. Right e Mr. Right Now

Imagem da Internet.


Vislumbrou o conceito numas páginas cor-de-rosa, das tais que raramente partilhavam a sua proximidade. Mas de quando em vez lá calhava, como há dias, quando uma colega lhe pousou aquelas duas revistas em cima da mesa a pretexto de uns artigos sobre os temas do costume. Os temas do costume… amor, sexo, moda, spas… e mais amor e sexo e moda e…

A alma gémea. Conceito velhinho este! Velhinho e matreiro, porque impõe tantas regras e é tão exigente que, não raramente, se traduz numa alma sem corpo, em alguém que dificilmente existe ou, a existir, habitará espaços tão distantes que só por acaso alguém lhe põe a vista em cima.

Esta alma gémea, que por aqui passou a designar-se por Mr. Right, não terá necessariamente que ser um dos inquilinos do Olimpo, se bem que muitas vezes assim pareça, pois normalmente tende a ser perfeito, tanto na aparência como nas qualidades exigidas. Aquelas com que todos nós nos identificamos, por mais arestas que tenhamos. Mas, se analisarmos bem esta alma gémea, ela fala-nos de alguém que funciona mais como um espelho de nós próprios, ou seja, como alguém muitíssimo parecido connosco. Logo, e por esta ordem de ideias, ela será alguém alto ou baixo, magro ou gordo, bonito ou feio, interessante ou nem por isso. Consoante a nossa própria imagem.

E é aí que Mr. Right Now tomou forma. Embrulhado em páginas cor-de-rosa, saído de uma entrevista/reflexão, ele é um sério candidato a destronar o anterior Mr. Right, também conhecido por príncipe (ou princesa) encantado(a). Mr. Right Now, esse sim, muito mais próximo de uma real alma gémea, mais plausível e, sem dúvida, mais compensatória. Este eternamente procurado “outro” (o Mr. Right) é, afinal, o Mr. Right Now, aquele que é compatível connosco e que pode até habitar vários seres e surgir em vários momentos da nossa vida (o que para quem não acredita na reincarnação da alma, esta é, sem dúvida, a única reincarnação possível). Um Mr. Right Now companheiro, que existe aqui e agora, que partilha das mesmas aspirações e dos mesmos gostos. Que ri connosco. Que partilha o quotidiano e nos ajuda nos pequenos nadas. Que, e parafraseando as autoras iniciais desta reflexão, se encaixa na nossa vida e nós na dele. Com os defeitos e qualidades que rimam connosco.