Hey Mr. Clinton, I'm bushed!, graceja Keith Richards momentos antes de entrar em palco, para um concerto com plateia VIP, entre a qual Clinton e convidados, que teve lugar no Outono de 2006 no Beacon Theatre de Nova Iorque. Foi neste espaço, pequeno e intimista, que Martin Scorsese filmou Shine a Light, o documentário sobre os Rolling Stones, que estreará nas nossas salas no próximo dia 8 de Maio.
Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts. Estes rostos que mais parecem saídos de um filme de terror (Keith Richards apresenta mesmo estranhas parecenças com a bruxa má da Branca de Neve...), mas ligados a corpos teimosamente vivos, com o rock nas veias. Um Mick Jagger de 64 anos, absolutamente frenético, aeróbico, dono e senhor do palco e de uma plateia rendida ao mestre que, ao longo de 40 anos de carreira, conseguiu ser transversal e unir gerações.
Sendo o terceiro documentário sobre músicos que vi ultimamente (o primeiro sobre Dylan e o segundo sobre os Joy Division), este filme não ficará na memória, sob o ponto de vista cinematográfico. Scorsese optou por quase exclusivamente filmar o concerto dos Stones, com breves incursões no passado, pequenos apontamentos que, a meu ver, tinham como objectivo demonstrar como a banda permanece com o mesmo ritmo de sempre. O antes e o agora: igual. Aliás, é essa a ideia central do filme: demonstrar a imortalidade da banda. Em entrevista publicada na Blitz (Abril 2008, nº 22), à pergunta Tem medo do dia em que já não saltar pelo palco, quando já não tiver essa energia?, Mick Jagger responde Claro, mas isso ainda não aconteceu. Não olho para as nuvens de amanhã através do sol de hoje. Ou, como muito bem apreendido no artigo da Time (April 14, 2008) Shine a Light is a tribute to the glamour of survival.
Porque a idade é uma questão de atitude.