sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ouçam como eu respiro...

(imagem retirada de aqui)

Respirava às vezes, por entre conversas cheias de cor com gente ao vivo. Respirava, também, entre palavras trocadas à distância de alguns cliques, sempre com gente cheia de cor para trocar com ela.

Nem sempre tinha essa sorte. Por vezes, sustinha a respiração, e exibia o sorriso número zero, o tal que tinha o condão de passar despercebido, antes que…

Naquele dia, teve a sorte de trocar umas garfadas por entre uma conversa animada que lhe encheu os pulmões. Respirava.

Esperava respirar mais vezes e descobriu que adorava charadas! Para bom entendedor… ;)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Feira do Livro

O mais importante acontecimento em torno do livro em Lisboa chega este ano com algumas novidades. A começar pela proposta de um novo modelo dos expositores dos livreiros e editores, e passando pela nova data para o arranque do evento que este ano começa mais cedo, a 30 de Abril. O Brasil é o país convidado, estando previsto um conjunto de actividades culturais – colóquios, encontros, animações, etc. – consignadas à literatura do país irmão. O Parque Eduardo VII continua a ser o lugar de passagem obrigatório para quem gosta de ler. (in: Agenda Cultural de Lisboa, Maio 2009)

Tudo isto é verdade. Mas, e uma vez mais, para quando um novo formato de Feira do Livro? É que a Feira, tal como ela acontece, é uma realidade já bastante antiga, com um formato que servia as necessidades de outros tempos, quando ainda não existia a FNAC nem as grandes superfícies, nem outras pequenas feiras do livro cresciam que nem cogumelos um pouco por todos o país. Nessa época, este evento era aguardado com ansiedade e constava das nossas agendas como uma altura onde, finalmente, se iriam comprar mais barato aqueles livros tão desejados e onde haveria oportunidade de ter uma visão de conjunto do que se tinha editado.

Hoje em dia este modelo peca por defeito. Peca por ser curto e coxo, pois as motivações de ontem já não são suficientes, dada uma maior oferta neste campo. Há que tornar a Feira do Livro num evento cultural mais alargado, onde o protagonismo continue a ser dos livros, obviamente, mas onde se possa também assistir a actuações várias, como teatro, música, dança, etc. É caro? Depende. Porque não convidar escolas de dança, ou de outras actividades, a darem pequenos espectáculos? E que tal transformar também este recinto numa opotunidade para novos talentos, novos músicos, ou outros? E porque não promover mostras de produtos portugueses? Reduzir a programação cultural a sessões de autógrafos, à Hora do Conto, a palestras e pouco mais, por muito interessante e pertinente que isso possa ser, parece-me escasso e, além disso, pouco assertivo.

Enfim, aqui fica o desabafo. O livro não tem de ser mostrado isoladamente, como se ao misturá-lo com outros produtos culturais o estivessemos a menosprezar. Nada de mais errado, a meu ver. Ele respira muito melhor se estiver acompanhado e, desde que haja um critério de qualidade na escolha dos eventos a realizar, transformar esta Feira num verdadeiro acontecimento cultural é um favor que lhe fazem. Se a quiserem salvar... claro!

terça-feira, 5 de maio de 2009

E viva o Pedro! Hoje e sempre






Pedro – São rapazes simples e extremamente disciplinados que procuram uma realização intelectual. Têm tendência para monopolizar as atenções. É um nome que deriva do latim e significa “que é firme como uma rocha” ou "pedra".

Pois...
Estas "classificações" valem o que valem, ou seja, nada. Apenas nos divertem, como num puzzle em que tentamos encaixar as peças. E que às vezes sobram! Como se pode ver, aqui anda o rapaz à procura da realização intelectual... ;)
Para ti, meu Amor, um grande beijo de parabéns, hoje, nesta primavera em que ainda só contas dezasseis...
E, como para terminar, aqui ficam estes dizeres de Vinícius de Moraes, alguém que melhor do que eu conseguiu fazer um hino aos filhos:

Poema Enjoadinho

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

Vinicius de Moraes

domingo, 3 de maio de 2009

A morte de Corín Tellado… ou o meu mundo não é deste reino

(imagem da net)


O meu mundo não é deste reino, é uma espécie de mote recorrente, que lhe visitava o pensamento a propósito de muitas situações: de um reino de cálculo ou de conta, daquela que faz, especificou, uma vez mais de si para si.

Na sua frente uma mancha de pequenas teclas pretas, que podiam dizer muito ou mesmo tudo do que se passava neste momento no seu mundo. O tal que vivia obstinadamente do lado de fora do reino, talvez porque a portagem fosse demasiado cara ou talvez porque o caminho para entrar no reino não se lhe apresentasse como o mais interessante. Demasiado poeirento, pensava.

Nunca pensou que esse seu mundo fosse cor-de-rosa. Antes pelo contrário, já que essa cor a incomodava e não lhe reconhecia grande interesse. Antes pensava que esse seu mundo fosse assim mais para os tons terra, aqueles que nos agarram ao chão e nos deixam criar raízes. Os tais que pensamos ser de Outono, mas que nem tanto, já que este prefere outros matizes, mais variados, como variegadas são as suas folhas.

Mas voltando ao cor-de-rosa. Lembrou de alguém que há pouco, muito pouco, lhe tinha dito que a Corín Tellado já tinha morrido. Ah… sim?!... Pois… respondeu ao trocadilho com um meio sorriso em tons cinza. Que a Corín Tellado nunca tinha existido realmente a não ser na utopia do sonho e do querer. Esse querer que tantas vezes nos afasta dos tons terra e teima em dizer que o cor-de-rosa ainda está na moda…

Concentrou-se na mancha de teclas negras que se comprimiam rapidamente sob os seus dedos, à velocidade em que o seu mundo ia descolorando, e vagueava perdido entre os tons terra e o cor-de-rosa, cada vez mais descorado…

Continuou percorrendo as teclas até que o relógio a trouxe de volta à realidade. Desligou tudo, levantou-se e preparou-se para abandonar o seu mundo a outros cuidados, talvez aos deste reino... Bocejou, programou o despertador que também não pertencia ao seu mundo mas a este reino e decidiu-se, sorrindo com o fim da metáfora: vou ter de mudar de tinteiro.