O mais importante acontecimento em torno do livro em Lisboa chega este ano com algumas novidades. A começar pela proposta de um novo modelo dos expositores dos livreiros e editores, e passando pela nova data para o arranque do evento que este ano começa mais cedo, a 30 de Abril. O Brasil é o país convidado, estando previsto um conjunto de actividades culturais – colóquios, encontros, animações, etc. – consignadas à literatura do país irmão. O Parque Eduardo VII continua a ser o lugar de passagem obrigatório para quem gosta de ler. (in: Agenda Cultural de Lisboa, Maio 2009)Tudo isto é verdade. Mas, e uma vez mais, para quando um novo formato de Feira do Livro? É que a Feira, tal como ela acontece, é uma realidade já bastante antiga, com um formato que servia as necessidades de outros tempos, quando ainda não existia a FNAC nem as grandes superfícies, nem outras pequenas feiras do livro cresciam que nem cogumelos um pouco por todos o país. Nessa época, este evento era aguardado com ansiedade e constava das nossas agendas como uma altura onde, finalmente, se iriam comprar mais barato aqueles livros tão desejados e onde haveria oportunidade de ter uma visão de conjunto do que se tinha editado.
Hoje em dia este modelo peca por defeito. Peca por ser curto e coxo, pois as motivações de ontem já não são suficientes, dada uma maior oferta neste campo. Há que tornar a Feira do Livro num evento cultural mais alargado, onde o protagonismo continue a ser dos livros, obviamente, mas onde se possa também assistir a actuações várias, como teatro, música, dança, etc. É caro? Depende. Porque não convidar escolas de dança, ou de outras actividades, a darem pequenos espectáculos? E que tal transformar também este recinto numa opotunidade para novos talentos, novos músicos, ou outros? E porque não promover mostras de produtos portugueses? Reduzir a programação cultural a sessões de autógrafos, à
Hora do Conto, a palestras e pouco mais, por muito interessante e pertinente que isso possa ser, parece-me escasso e, além disso, pouco assertivo.
Enfim, aqui fica o desabafo. O livro não tem de ser mostrado isoladamente, como se ao misturá-lo com outros produtos culturais o estivessemos a menosprezar. Nada de mais errado, a meu ver. Ele respira muito melhor se estiver acompanhado e, desde que haja um critério de qualidade na escolha dos eventos a realizar, transformar esta Feira num verdadeiro acontecimento cultural é um favor que lhe fazem. Se a quiserem salvar... claro!