terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O tédio nas suas vidas...


Estes russos devem estar loucos!!

Foi com grande espanto que li na revista Visão, nº 776 de 2008/01/17, uma notícia verdadeiramente surreal.
Segundo rezava a mesma, há uma boa parte de novos-ricos russos que, não tendo em que ocupar as suas vidinhas e mortos de tédio, resolveram matar o tempo com actividades que classificam de radicais. Não, não se trata de parapente, rafting, ou qualquer outro tipo de desporto mais ousado. O que lhes dá adrenalina é fazerem passar-se por mendigos nas ruas de Moscovo ou noutra grande cidade do antigo império dos czares (e da República de Mao), misturando-se com os verdadeiros sem-abrigo! Assim, e como falta de imaginação é coisa de que o ser humano não padece - especialmente se lhe cheirar a uma nova oportunidade de negócio -, houve logo quem criasse uma empresa do género de "A vida é bela", só que desta feita com contornos mais disparatados do que a citada, já se vê, que esta até promove distracções interessantes (apesar dos preços o serem menos...).

Entreter os cerca de 100 000 milionários é a função desta empresa, gerida por um ex-psicólogo (quem sabe, sabe...). A oferta de animação contempla múltiplas variantes, desde corridas de baratas, duelos de capa e espada, guerras de paintball de helicóptero (!), entre outras extravagâncias e bizarrias. mas a mendicidade postiça é a diversão mais apreciada, onde ganha quem mais esmolas conseguir recolher (ou não fossem eles fazedores de dinheiro!).

Um ultraje para quem é pedinte por obrigação, para quem não tem de comer, onde morar, quem o ame.

Pena que Fernando Pessa não esteja já entre nós, senão certamente o ouviríamos dizer: ""E esta, hem?!..."

14 comentários:

Gi disse...

Li o artigo e a minha indignação foi tão grande como a tua. Por certo não recordas mas há uns anos (muitoooooosssssssss) havia no Chiado um mendigo que só se veio a descobrir ser um "falso" mendigo depois da sua morte. Diziam-no senhor de uma enorme fortuna. Aquele não o fazia por diversão, era mais por ambição .Desmesurada!
Quem sabe fonte de inspiração para estes ...
o preocupante não é a exist~encia de tantos novos ricos, o que é grave mesmo é a exist~encia de tantos novos pobres não é? .

Um beijinho

Paula Crespo disse...

Normalmente, a existência de muitos ricos (e digo ricos, mesmo)dá lugar a muitos pobres. Foi sempre assim. O ideal é mesmo uma classe média sólida e forte, pois um país feito de extremos não é um país económica, política, social e culturalmente saudável. O equilíbrio é, pois, o desejável e o que promove o desenvolvimento. E a prova está precisamente neste "mar" de excentricidades idiotas...
bjs

Leonor disse...

é, tb li e tb fiquei com cara de parva... inventa-se de tudo, vai-se até aos limites em buscas não sei exactamente de quê e esgotamo-nos nisso mesmo.
São os milionários russos dsfarçados de pedintes no metro, mas no fundo o conceito é sempre igual. com mais ou menos vergonha na cara, claro

Paula Crespo disse...

Leonor,
Falta de objectivos, ditada por falta de necessidades e, já agora, por falta de cabeça.

Jorge P. Guedes disse...

É a total perversão do ser humano nesta pobre sociedade do Ter. As taras acumulam-se num caminhar seguro para a idiotice total do Homem.
Oxalá eu nunca chegue a milionário!

Abraço.

Paula Crespo disse...

Mocho-Real,
Ah, ah, por aí também posso dormir descansada :-)))

Luis Eme disse...

Isto está mesmo de pernas para o ar...

essa de brincar aos pobres, parece, no minino, anedota.

MCA disse...

Brincar aos pobres ou brincar com os pobres, não faz grande diferença. E os ricos passam a vida a fazê-lo.
Obrigada pela visita a A Biblioteca de Jacinto.

Ka disse...

Ao que se chega quando dentro das pessoas nada mais existe do que um vazio...

curiosamente este vazio surge mais em quem tem tudo (materialmente falando) e não quer saber de mais ninguém...

Embora gostasse de ter mais algum, cada vez mais penso que o dinheiro suja a alma das pessoas!

Beijo e um excelente dia!!

Luís Galego disse...

a capacidade que o ser humanos tem para preencher os seus dias não tem de facto limites...como diz o outro, desde que viu um porco a andar de bicicleta já nada o espanta. Enfim...

Paula Crespo disse...

Luis Eme,
É, não é?!
Só agora respondo, mas aqui fica o meu obrigada pela sua visita. Volte sempre...

Paula Crespo disse...

mca,
... e das formas mais diversas.
Bem-vinda!

Paula Crespo disse...

Ka,
Talvez. Mas penso que é mais uma questão de cabecinhas ocas - o que, hoje em dia, há muito por aí...

Paula Crespo disse...

Luis,
Pois, a mim ainda me vai espantando, vê lá tu!
Bjs