quarta-feira, 3 de setembro de 2008

As fabulosas histórias dela

Nunca tinha lido nada de Beatriz Pacheco Pereira. Dela apenas sabia ser irmã do seu irmão, o próprio, e de ser uma das fundadoras do Fantasporto, o Festival Internacional de Cinema do Porto.

As fabulosas histórias dela: contos do Porto imaginado é um livro publicado em 2003. Contos no feminino, histórias dela, ou melhor, de várias elas que parecem ter um denominador comum: a espera. Mulheres sozinhas ou mal acompanhadas que esperam ser felizes. Como tantas e tantos. Mulheres de um quotidiano num espaço do norte, supostamente imaginado, mas que reflecte o dia-a-dia deste nosso presente urbano, com os desencontros e as aspirações que pontuam as nossas vidas. Bem escrito, na medida certa, em que nos apercebemos dos sentimentos das personagens, sem que para tal Beatriz tenha recorrido a excessivos floreados de escrita, foi com prazer que li estes contos.

Há muito tempo que não recorria a uma biblioteca pública para requisitar um livro. O espírito consumista em que vivemos e a necessidade ou o hábito de possuirmos coisas faz com que nos esqueçamos que existem recursos disponíveis e de fácil acesso. Colhido um pouco ao acaso na biblioteca, foi graças a ela que, mais tarde e em casa, descobri que tinha nas mãos um livro com uma dedicatória da autora dirigida a Eduardo Prado Coelho…! Vantagens deste circuito por espaços públicos, cujas obras vivem e respiram entre tantas mãos e cumprem, assim, melhor a sua função de passa-palavra…

7 comentários:

Oliver Pickwick disse...

Redescobri a biblioteca pública há dois anos. Não freqüentava desde os tempos da faculdade. O maior benefício foi o de encontrar lá, livros com edição já esgotadas; outros raros; além de muitos lançamentos recentes.
Fizeste um bom alerta.
Um beijo!

Paula Crespo disse...

Lb,
Bem-haja pelo elogio :) Acho que são temas que merecem alguma reflexão...

Paula Crespo disse...

Oliver,
Também lá não ia desde os tempos de faculdade, onde faz parte do ritmo percorrer estes circuitos. Mas não é de menosprezar a existência das bibliotecas públicas: melhoraram muito desde então e oferecem-nos bons livros, a custo zero!
Bjs

AGRY disse...

O espírito consumista aliado ao instinto de posse temperado com uma pitada de comodismo gera novos hábitos, novas rotinas e o abandono de outros bem salutares.
José Luis Peixoto escrevia há dias que os livros são feitos para serem lidos . Os que não são lidos é como se não tivessem sido escritos, é como se não existissem.
O alerta da bibliotecas é extremamente oportuno. Nestes espaços é, como diz, as “obras vivem e respiram”, estão no seu habitat e aguardam-nos, pacientemente e…com um sorriso
Bjs

Paula Crespo disse...

Agry,
Eles existem para serem lidos e isso justifica, quase na totalidade, a sua existência. E digo "quase" porque acho que se deve considerar o gozo que o autor tem em escrever - até para si próprio.
Bom fim-de-semana!

O Profeta disse...

Onde acaba a terra e começa o Mar
Há um lugar onde vive a ilusão
Repousa na madrepérola das conchas
Com a forma de um coração

Onde as giestas se agarram à areia
Onde as pedras têm diadema de algas
Onde o Mar conta histórias longínquas
Onde as vagas soltam distantes mágoas


Bom fim de semana



Mágico beijo

Paula Crespo disse...

Profeta,
Bem regressado...! Bem-hajas pelo poema.
Uma boa semana!