quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"A Solidão" ou a sombra dos dias cinzentos...

Prémio para Melhor Filme e Melhor Realizador nos Goya, os mais importantes galardões cinematográficos espanhóis, é a história de duas mulheres, dois destinos urbanos cruzados. Adela é uma mãe solteira que decide deixar a pequena cidade de província em que vive e ir para Madrid com o seu bebé, Miguel. Na capital espanhola, Adela faz novos amigos e aluga um quarto na casa de Carlos e Inés. Mas um ataque terrorista irá despedaçar a vida de Adela. Já Antonia, a mãe de Inés tem um pequeno supermercado e vive uma vida tranquila com o companheiro e as suas três filhas. Mas no dia em que uma das filhas lhe pede dinheiro a paz familiar termina.

Segunda longa-metragem de Jaime Rosales, o filme ganhou ainda o prémio de Melhor Actor Revelação nos Goya para o actor José Luis Torrijo e foi apresentada no Festival de Cannes, na secção Un Certain Regard. (in Cartaz Público)

Gosto de Espanha e dos espanhóis, pela diversidade do território e vivacidade do carácter. Gosto da cultura, das letras e das artes. País vizinho, com tanto em comum como de diferente com o nosso, repudio a velha ideia, transmitida de geração em geração e ainda muito entrincheirada – principalmente na zona da raia… - de que de Espanha, nem bom vento nem bom casamento. Mito antigo, só “justificado” por uma História de conquistas de território e de poder, feita de avanços e recuos ao longo dos tempos.

Este filme que estreia hoje por cá, poderá não ajudar a desfazer o mito. Poderá não cativar um público mainstream, quer pelo ritmo lento da acção, quer pela “demasiada” identificação com um quotidiano baço, tristonho, que não nos fará voar nem sonhar com as estrelas. Feito de micro-histórias do dia-a-dia de gente anónima, esta longa-metragem do catalão Jaime Rosales está no extremo oposto aos filmes de Almodôvar, apreciado transversalmente pelo colorido da acção, pelo exotismo, pela excentricidade da narrativa. Aqui, em A Solidão, os dramas das personagens são talvez mais reais do que em Almodôvar, mais comuns. É uma solidão feita de muitos silêncios e vivida em vários cenários, conforme as várias personagens que compõem o filme, e que nos fala da fragilidade da vida, deixando-nos uma incómoda sensação de vazio.

Porque o cinema espanhol é mais do que Almodôvar. A ver, sim, mas não num dia cinzento…

7 comentários:

Anónimo disse...

E já agora Amenabar!

Paula Crespo disse...

Carlos,
De Amenabar só conheço o Mar Adentro, que reflecte sobre a eutanásia, questão nada pacífica, de facto...
Bem-vindo a este espaço e volte sempre!

Paula Crespo disse...

Lb,
Clarinho, sim... ;)
Espanhóis? Lá está...;)

Anónimo disse...

El cine español es algo más que únicamente Almodovar: José Luis Garci, Amando de Ossorio, Paul Naschy, Mariano Ozores

Paula Crespo disse...

Filomeno,
É verdade, se bem que Almodôvar é, de momento, a cabeça de cartaz... Dos realizadores que referiu não conheço nenhum... tenho de investigar :)

Anónimo disse...

Cara Paula: te recomiendo que veas las extraordinarias "Bienvenido Mr. Marshall" y "La escopeta nacional" del gran Luis García Berlanga, para conocer la "España Profunda".
Post Scriptum: eres muy guapa.
Saludos.

Paula Crespo disse...

Filomeno,
Gracias... :)
Obrigada pelas dicas.