Nunca tinha lido nada de Beatriz Pacheco Pereira. Dela apenas sabia ser irmã do seu irmão, o próprio, e de ser uma das fundadoras do Fantasporto, o Festival Internacional de Cinema do Porto.
As fabulosas histórias dela: contos do Porto imaginado é um livro publicado em 2003. Contos no feminino, histórias dela, ou melhor, de várias elas que parecem ter um denominador comum: a espera. Mulheres sozinhas ou mal acompanhadas que esperam ser felizes. Como tantas e tantos. Mulheres de um quotidiano num espaço do norte, supostamente imaginado, mas que reflecte o dia-a-dia deste nosso presente urbano, com os desencontros e as aspirações que pontuam as nossas vidas. Bem escrito, na medida certa, em que nos apercebemos dos sentimentos das personagens, sem que para tal Beatriz tenha recorrido a excessivos floreados de escrita, foi com prazer que li estes contos.
Há muito tempo que não recorria a uma biblioteca pública para requisitar um livro. O espírito consumista em que vivemos e a necessidade ou o hábito de possuirmos coisas faz com que nos esqueçamos que existem recursos disponíveis e de fácil acesso. Colhido um pouco ao acaso na biblioteca, foi graças a ela que, mais tarde e em casa, descobri que tinha nas mãos um livro com uma dedicatória da autora dirigida a Eduardo Prado Coelho…! Vantagens deste circuito por espaços públicos, cujas obras vivem e respiram entre tantas mãos e cumprem, assim, melhor a sua função de passa-palavra…
7 comentários:
Redescobri a biblioteca pública há dois anos. Não freqüentava desde os tempos da faculdade. O maior benefício foi o de encontrar lá, livros com edição já esgotadas; outros raros; além de muitos lançamentos recentes.
Fizeste um bom alerta.
Um beijo!
Lb,
Bem-haja pelo elogio :) Acho que são temas que merecem alguma reflexão...
Oliver,
Também lá não ia desde os tempos de faculdade, onde faz parte do ritmo percorrer estes circuitos. Mas não é de menosprezar a existência das bibliotecas públicas: melhoraram muito desde então e oferecem-nos bons livros, a custo zero!
Bjs
O espírito consumista aliado ao instinto de posse temperado com uma pitada de comodismo gera novos hábitos, novas rotinas e o abandono de outros bem salutares.
José Luis Peixoto escrevia há dias que os livros são feitos para serem lidos . Os que não são lidos é como se não tivessem sido escritos, é como se não existissem.
O alerta da bibliotecas é extremamente oportuno. Nestes espaços é, como diz, as “obras vivem e respiram”, estão no seu habitat e aguardam-nos, pacientemente e…com um sorriso
Bjs
Agry,
Eles existem para serem lidos e isso justifica, quase na totalidade, a sua existência. E digo "quase" porque acho que se deve considerar o gozo que o autor tem em escrever - até para si próprio.
Bom fim-de-semana!
Onde acaba a terra e começa o Mar
Há um lugar onde vive a ilusão
Repousa na madrepérola das conchas
Com a forma de um coração
Onde as giestas se agarram à areia
Onde as pedras têm diadema de algas
Onde o Mar conta histórias longínquas
Onde as vagas soltam distantes mágoas
Bom fim de semana
Mágico beijo
Profeta,
Bem regressado...! Bem-hajas pelo poema.
Uma boa semana!
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