terça-feira, 15 de abril de 2008

Efabulações sobre o Tempo...


Uma Segunda Juventude(Youth Without Youth)

Dominic Matei é um professor de linguística com 70 anos. Fulminado por um relâmpago, sobrevive miraculosamente. No hospital, enquanto recupera, os médicos assistem com incredibilidade ao rejuvenescimento físico do professor. O rejuvenescimento físico é acompanhado por um desenvolvimento intelectual inexplicável que chama a atenção de cientistas nazis, obrigando o professor a exilar-se. Em fuga, Dominic reencontra Laura, o amor da sua vida, e luta para terminar a sua tese sobre as origens da linguagem humana. Mas quando a sua pesquisa põe em perigo Laura, Dominic é forçado a fazer uma escolha entre o trabalho de uma vida e o seu grande amor.
(Cartaz Público)

Após dez anos de interregno, Coppola regressa num registo completamente diferente do habitual. Adaptado de um romance do historiador romeno Mircea Eliade (1907-1986), que se dedicou ao estudo das religiões, Coppola explora neste filme a noção de Tempo e de dupla personalidade; o Tempo e o início das línguas, também esse início, a meu ver, explorado como marco temporal, como o princípio de tudo. Os vários espaços do filme são também espaços míticos no imaginário ocidental: a II Guerra Mundial como palco da primeira metade da história narrada; a Índia, com toda a carga evidente de misticismo e religiosidade; Malta, a ilha do Mediterrâneo (não podia cá faltar a alusão ao Mediterrâneo...), também ela carregando o peso do simbólico berço da civilização ocidental e alguma carga religiosa associada a este espaço. Por fim, o ciclo fecha-se com o retorno do protagonista à sua terra natal, a Roménia, mais concretamente à praça onde vivia, trabalhava e tertuliava. Espaço aparentemente fechado contrastando com uma viagem tão alargada quanto a navegação pela História.

Filme estranho este, esotérico, até. Na segunda parte - e porque dá a sensação de que existem dois tempos distintos neste filme -, a narrativa aligeira-se, retoma referências mais fáceis e mais comuns para o espectador, e perde os tons negros e carregados da primeira metade. É uma dissertação filosófica, tendo como suporte um homem que busca o início de tudo e uma mulher que reencarnou outras. Estranho, mas recomendável.

12 comentários:

Ka disse...

Tenho muita curiosidade neste filme. Já li as críticas e vi um programa sobre o filme. Pelo que li aqui é um regresso de Coppola como ele gosta...a marcar a diferença.
Conto vê-lo ainda esta semana e depois voltarei :)

Beijinho e bom resto de semana

Luís Galego disse...

Pelos vistos estamos de acordo com a obra. Parece-me a dada altura um pouco denso, mas não deixa de interpelar o espectador a todo o momento e isso é bom. Confesso que foi com alguma relutância que fui ver, mas não saí da sala arrependido.

Um bj e até 6.ª...

Paula Crespo disse...

Ka,
É um filme curioso mas acho que vale a pena.
Bjs

Paula Crespo disse...

Luis,
Achei engraçado o tipo de cenários escolhidos, quero dizer, o tipo de espaços. Não deixam de ser um pouco clichés, mas funciona sempre!... ;)
Bjs e até!!

Capitão-Mor disse...

Fiquei a babar com este enredo...
Parece-me mais uma obra soberba de um cineasta que muito aprecio.
Abraço

Paula Crespo disse...

Capitão,
É um filme diferente do habitual de Coppola. Bastante denso, principalmente na primeira parte.

Anónimo disse...

Recomendado por si é com certeza de ver! Mais um para a lista...

Beijinho

Paula Crespo disse...

Lb,
Mas que grande responsabilidade!! ;) Tem de levar o espírito adequado para o ver, já que o olhar esse já o tem treinado ;)
Bom resto de semana.

Delfim Peixoto disse...

Obrigado pela visita!
Este filme desperta curiosidade não só pelo tema mas também pela fotografia e "enredo".
Abraço

Paula Crespo disse...

Delfim,
O enredo é, no mínimo, original!

Jorge P. Guedes disse...

Sugestiva apresentação, Paula.

Um bom domingo, com ou sem cinema!
E um abraço.

Jorge P.G.

Paula Crespo disse...

Jorge,
Pois foi com cinema... uma vez mais, como pode ver pelo post seguinte:))
Uma boa semana!