Falar de Almodôvar é um exercício estafado, de tantas vezes feito. Falar da sua pintura de cores garridas e tons quentes, escaldantes mesmo, também não é nada de novo. Falar de como este espanhol excêntrico nos mostra uma Espanha (será que é só Espanha?... Claro que não) de habitantes impetuosos, com sangue do Sul e vidas cheias de emoções várias e choros desvairados, apenas sublinha o óbvio das suas personagens, o que está visível a olho nú.
Mas este último filme do cineasta é algo mais do que isso. Estes Abrazos Rotos são um registo de maior maturidade, em que se mantêm os ícones característicos de Almodôvar – as suas cores e emoções -, mas em que todos os aspectos cinematográficos sofreram, a meu ver, um upgrade notável: a estética muito cuidada, nos seus laivos neo-pop, em que os cenários rimam com um guarda-roupa a condizer; os planos que acentuam o drama vivido pelas personagens; os ângulos bem escolhidos; os diálogos bem articulados e uma construção da narrativa que, apesar de sinuosa, orienta o espectador através de uma história densa.
Os críticos da nossa praça parecem não aplaudir estes Abraços. Dizem que o realizador está nostálgico de si próprio e que o filme não passa de um drama intelectualizado. Quem sou eu para os contradizer? Ninguém, apenas alguém que saiu da sala de cinema com a satisfação de ter visto se não o melhor pelo menos um dos melhores filmes de Almodôvar. Um mimo!
Mas este último filme do cineasta é algo mais do que isso. Estes Abrazos Rotos são um registo de maior maturidade, em que se mantêm os ícones característicos de Almodôvar – as suas cores e emoções -, mas em que todos os aspectos cinematográficos sofreram, a meu ver, um upgrade notável: a estética muito cuidada, nos seus laivos neo-pop, em que os cenários rimam com um guarda-roupa a condizer; os planos que acentuam o drama vivido pelas personagens; os ângulos bem escolhidos; os diálogos bem articulados e uma construção da narrativa que, apesar de sinuosa, orienta o espectador através de uma história densa.
Os críticos da nossa praça parecem não aplaudir estes Abraços. Dizem que o realizador está nostálgico de si próprio e que o filme não passa de um drama intelectualizado. Quem sou eu para os contradizer? Ninguém, apenas alguém que saiu da sala de cinema com a satisfação de ter visto se não o melhor pelo menos um dos melhores filmes de Almodôvar. Um mimo!
10 comentários:
Concordo em absoluto. Um regalo para a vista a forma como a câmara dança entre as emoções da trama. Uma história de facto densa, mas contada de uma forma, onde não se sentem períodos mortos ou até menos interessantes.
Drama sem lamechices ou pieguices baratas. Muito bom.
Seguramente o melhor filme de Almodôvar.
Este ainda não vi.
Fiquei no Vicky Cristina Barcelona que adorei.
Mas vou ver.
Veludinhos azuis
e a mim vale-me a tua opinião para o catalogar de "a ver" :)
Isso e o contentamento que é saber-te de volta a este espaço que estava a modos que .. pois .. isso mesmo: abandonado, Menina *
Beijinho com saudades e votos de bom fim-de-semana *
José,
De facto, a câmara e a forma como ela se desloca em cada cena é muito feliz: não se limita a mostrar mas muito mais a interpretar (ex: a cena de sexo - e não de amor! - debaixo dos lençóis). A câmara é aqui uma personagem importante, uma espécie de narrador da história.
Bluevelvet,
O Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen, é também um filme muito interessante, apesar de também ter havido críticas muito negativas (pelo menos foi esse o feed-back que tive na altura por parte de muitas pessoas que o viram). Também esse passível de muitas leituras.
Cat,
Bem-haja pelo ânimo: de facto estava um bocadinho... abandonado! :)
Bjs e bom fim-de-semana!
normalmente não concordamos com os criticos.
porque será, Paula?
bjs
Luis Eme,
Sim, já é um clássico :)Não sei se será um "excesso" de conhecimentos técnicos ou não, ou se é "apenas" um olhar demasiado carregado e que, por vezes, os impede de ver coisas simples.
Completamente de acordo.
»da banda sonora«
Paulo,
Agradecida pela banda sonora. Soberba! :)
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