domingo, 8 de junho de 2008

Linguagens da arte contemporânea: o autismo de Babel

Andy Warhol, 1971; Roy Lichtenstein, 1983; Jaroslaw Kozloeski, 1987; Robert Rauschenberg, 1983 © Foto Bettina Brach / Collection Guy Schraenen

Sexta-feira, de manhã. Serralves constitui um local de peregrinação quase obrigatória em cada uma das minhas visitas ao Porto. Um dos locais, porque outros há, naturalmente. Desta vez, a Fundação oferece-nos cinco exposições temporárias: Vinil: gravações e capas de discos de artistas; Violência institucional e poética (Anne-Lise Coste, Tatjiana Doll, Erik Van Lieshout); Linhas, grelhas, manchas, palavras: desenhos de arte minimalista da colecção do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque; Fonte dos Cem Peixes (Bruce Nauman); Dieter Roth: os seus livros, cartazes e outras publicações.


O que é a arte? Pergunta difícil. Na arte contemporânea, penso que o que identifica um objecto artístico, um movimento, uma tendência, é, para além dos aspectos técnicos e formais, a inovação, a ruptura com o que já existe, o experimentalismo. O ser o primeiro estabelece a diferença e aponta a ousadia. Mas, e independentemente de qualquer conceito que lhe tentemos colar, a expressão artística também é comunicação. E comunicação pressupõe três aspectos essenciais: o emissor, a mensagem e o receptor. Até aqui nada de novo. Mas a questão que levanto é saber em que medida é que a mensagem passa a barreira da aparente surdez e do autismo, uma vez que falar para o próprio umbigo me parece um caminho demasiado estreito, por mais magro que seja o corpo de uma mensagem...


Eu gosto de arte e não penso que ela deva ficar confinada ao domínio da estética. Ela é veículo de ideias, instrumento de mudança. Mas também penso que isso só acontece se passar qualquer coisa para o lado de cá, e não ficar na redoma do puramente conceptual. Ininteligível, portanto.

3 comentários:

Paula Crespo disse...

Lb,
É, não é? Pretensiosismo ou prazer solitário? Faz-me lembrar a velha frase de Vinicius "É impossível ser feliz sozinho..." Bem, isto dava pano para mangas :)
Bjs

Oliver Pickwick disse...

Andy Warhol, Roy Lichtenstein, dentre outros. Bons tempos em que se revolucionava as estéticas artísticas sem a necessidade de matar cães à míngua.
Um beijo!

P.S.: Estou de volta depois de uma maratona intensa de trabalho e de sucessivas viagens. Desculpe a ausência temporária.

Paula Crespo disse...

Oliver,
Na mouche! Penso que por vezes a vontade de inovar leva-os a elaborar discursos estéticos bastante estéreis. Se bem que este é um terreno movediço e difícil de discutir.

P.S.: Seja bem regressado e tenha uma boa semana!
Bjs