Depois de um dia de sol desperdiçado em casa, entre afazeres diversos, decido-me por uma ida ao cinema. Quase por acaso sai o King em sorte e Alexandra. Este filme russo, de Alesander Sokurov, com Galina Vishnevskaya - a cantora de ópera - como actriz principal, conta-nos a história de uma avó octogenária que visita o neto, oficial do exército russo, na frente de batalha da segunda guerra com a Chechénia. Estranho cenário para uma senhora idosa.
Alexandra é uma história sobre a guerra, mas em que os seus sinais não se traduzem pelos disparos da artilharia, ou a explosão das bombas, ou o sangue dos feridos. Antes são sinais subtis. Revelam-se nos olhares e nos rostos dos jovens militares russos; nos silêncios baços dos civis chechenos; na tristeza e no desalento de todos. Esta avó que deambula por entre este cenário árido, com uma força e uma determinação que contrastam com o seu passo incerto, de quem carrega tanto ano, parece querer trazer consigo alguma normalidade, um toque de civilidade; ser o rosto da família e do carinho, distante daqueles que por lá habitam.
Todas as cenas são simples, sem dramatismos excessivos, mas muito belas e plenas de significado. Uma história contada ao ritmo de uma avó, uma narrativa que vai desvendando, aos poucos, o seu propósito, como que levantando suavemente o véu e deixando-nos espreitar o estado de alma do povo russo.
Saio do cinema com a sensação de ter visto um filme de qualidade. Ainda na memória a atmosfera densa do filme. Atravesso a cidade e vou jantar e, uma vez mais, o acaso dita o rumo: nada melhor do que uma noite de sevilhanas para regressar de novo à vida! Ele há dias assim...
Alexandra é uma história sobre a guerra, mas em que os seus sinais não se traduzem pelos disparos da artilharia, ou a explosão das bombas, ou o sangue dos feridos. Antes são sinais subtis. Revelam-se nos olhares e nos rostos dos jovens militares russos; nos silêncios baços dos civis chechenos; na tristeza e no desalento de todos. Esta avó que deambula por entre este cenário árido, com uma força e uma determinação que contrastam com o seu passo incerto, de quem carrega tanto ano, parece querer trazer consigo alguma normalidade, um toque de civilidade; ser o rosto da família e do carinho, distante daqueles que por lá habitam.
Todas as cenas são simples, sem dramatismos excessivos, mas muito belas e plenas de significado. Uma história contada ao ritmo de uma avó, uma narrativa que vai desvendando, aos poucos, o seu propósito, como que levantando suavemente o véu e deixando-nos espreitar o estado de alma do povo russo.
Saio do cinema com a sensação de ter visto um filme de qualidade. Ainda na memória a atmosfera densa do filme. Atravesso a cidade e vou jantar e, uma vez mais, o acaso dita o rumo: nada melhor do que uma noite de sevilhanas para regressar de novo à vida! Ele há dias assim...
17 comentários:
O cinema russo já me proporcionou excelentes momentos.Parece-me uma boa proposta a descobrir...
Desejo-te uma boa semana!
Capitão,
E é mesmo. Já vi vários filmes russos,, se bem que não tenha memorizado os nomes dos realizadores. À excepção do clássico Eisenstein e do seu inesquecível Que viva México!
Boa semana!
Olá, Paula!
Pela descrição, parece-me tratar-se de um filme apetecível sobre uma temática actual e sem exploração de sangue e tiros.
Um abraço, Paula.
Jorge P.G.
Jorge,
Sim, vale a pena. E sem sangue... ;)
Boa semana!
teve um dia fantástico! com "salero" e tudo!
um filme a ver, sem dúvida, e se a protagonista canta... melhor ainda...
bom Domingo
uma óptima semana
um sorriso :)
Mariam,
Retribuo-lhe o sorriso :)... e o resto!
Bjs
quase que me convenceste, a ver a avó Alexandra, no cinema, Paula...
se não fosses tu, nem sabia que o filme existia...
Luis Eme,
É bem capaz de passar despercebido: King movies...
Quem não adora avózinhas, bem- dispostas e ternurentas?
E se a tudo isto aliam e transportam uma determinação que
falta aos mais novos?
Uma boa semana, para si
LB,
Estou mesmo a pensar em começar a cobrar comissão às distribuidoras... :):)
Bjs
Agry White,
E esta tem carrapito e tudo! Bem nos moldes do estereótipo... ;)
Boa semana!
cruzámo-nos entre sessões, e estamos de acordo quanto ao filme. Tambem escrevi sobre ele, mas não destaquei dois momentos muito, mas muito belos: a última conversa (afectos, tensões) com o neto e a amizade que estabeleceu com a velha chechena. Estes 2 momentos foram de uma sensibilidade que só um cinema inteligente consegue registar.
Tambem confesso que quanto te vi à porta do cinema me disseste que o filme tinha sido bom, fiquei desde logo esclarecido.
Bjs
Luis,
E destacas bem, esses dois momentos são, de facto, especiais: os diálogos, se bem que simples e directos, são de grande eloquência.
Bjs
Estas duas ultimas semanas falhei na ida ao cinema e tenho uma data deles para ver. Mas fico bastante curiosa com a tua descrição :)
Beijos
Ka,
Acredito, eu também tenho vários em espera...
Bjs
Querida Paula,
Talvez intencionalmente, me remeteste ao filme, ou as entrelinhas deste, não sei se pela maneira como incorporastes a história ou se pela fluidez das palavras, poucas mas significativas, de quem saiu sem espectativa e retornou com um mundo novo em sí.
Abraços.
Sr do Vale,
De facto, foi uma agradável surpresa, este filme.
Um excelente fim-de-semana!
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