quarta-feira, 21 de maio de 2008

La Sconosciuta

Irena, 32 anos. Imigrante ucraniana em Itália. Só, triste, sofrida, compenetrada. Enigmática. Determinada. Recém-chegada à fictícia cidade italiana de Velarchi, Irena procura trabalho como empregada doméstica, mas não numa qualquer casa: ela persegue um objectivo concreto. Aos poucos, vai-se aproximando, insinuando-se junto da família de Dornato Adacher, um dos muitos ourives da cidade, que mantém com Valeria, sua mulher, um casamento instável e sem brilho.

Para esta mulher, que foge da violência extrema, os meios justificam os fins, o que não faz dela uma personagem negra; antes pelo contrário. O seu passado é-nos servido em flashback, compondo a personagem e traçando-lhe o perfil. Do antes compreende-se o agora. A ansiedade e a amargura de Irena, a sua obsessão, a sua busca incessante, faz adivinhar um final infeliz que se liga ao seu passado trágico: prostituta, torturada, humilhada e ofendida em todos os sentidos, despojada da sua identidade, ela foi "boa de cuspir" - lembrando Chico Buarque. Do seu único amor nasceu uma filha, que ela julga ver na pequena Tea, a filha do casal Adacher...

Uma incursão pelo mundo negro da prostituição: mulheres e mães de aluguer, sem rosto e sem alma. Sem identidade. Mulheres que, como Irena, carregam demasiado passado e escasso futuro.

Um filme de Giuseppe Tornatore, o realizador do mítico Cinema Paraíso. Com uma atmosfera densa, de trama complexa; com banda sonora de Ennio Morricone que tão bem encarna o espírito do filme e uma interpretação bem "por dentro" desta Desconhecida, a cargo da actriz russa Kseniya Rappoport.


5 comentários:

Luís Galego disse...

Não tenho referências acerca deste filme, tão só a vontade de o ir ver.

Bjs

Luis Eme disse...

pelas tuas referências, deve ser um bom filme...

Paula Crespo disse...

Luis e Luis,
Eu vi-o em antestreia, por isso é natural que ainda não haja muita informação a circular. Mas recomendo-o.
Bjs e boa semana!

Oliver Pickwick disse...

Giuseppe Tornatore, Ennio Morricone. Só faltava mesmo a Paula dizer que gostou. Portanto, assistirei.
Um beijo!

Paula Crespo disse...

Oliver,
Tem toda a razão. Aliás, como é conhecido internacionalmente, formamos um trio de peso (risos) ;)))
Beijos!