Vislumbrou o conceito numas páginas cor-de-rosa, das tais que raramente partilhavam a sua proximidade. Mas de quando em vez lá calhava, como há dias, quando uma colega lhe pousou aquelas duas revistas em cima da mesa a pretexto de uns artigos sobre os temas do costume. Os temas do costume… amor, sexo, moda, spas… e mais amor e sexo e moda e…
A alma gémea. Conceito velhinho este! Velhinho e matreiro, porque impõe tantas regras e é tão exigente que, não raramente, se traduz numa alma sem corpo, em alguém que dificilmente existe ou, a existir, habitará espaços tão distantes que só por acaso alguém lhe põe a vista em cima.
Esta alma gémea, que por aqui passou a designar-se por Mr. Right, não terá necessariamente que ser um dos inquilinos do Olimpo, se bem que muitas vezes assim pareça, pois normalmente tende a ser perfeito, tanto na aparência como nas qualidades exigidas. Aquelas com que todos nós nos identificamos, por mais arestas que tenhamos. Mas, se analisarmos bem esta alma gémea, ela fala-nos de alguém que funciona mais como um espelho de nós próprios, ou seja, como alguém muitíssimo parecido connosco. Logo, e por esta ordem de ideias, ela será alguém alto ou baixo, magro ou gordo, bonito ou feio, interessante ou nem por isso. Consoante a nossa própria imagem.
E é aí que Mr. Right Now tomou forma. Embrulhado em páginas cor-de-rosa, saído de uma entrevista/reflexão, ele é um sério candidato a destronar o anterior Mr. Right, também conhecido por príncipe (ou princesa) encantado(a). Mr. Right Now, esse sim, muito mais próximo de uma real alma gémea, mais plausível e, sem dúvida, mais compensatória. Este eternamente procurado “outro” (o Mr. Right) é, afinal, o Mr. Right Now, aquele que é compatível connosco e que pode até habitar vários seres e surgir em vários momentos da nossa vida (o que para quem não acredita na reincarnação da alma, esta é, sem dúvida, a única reincarnação possível). Um Mr. Right Now companheiro, que existe aqui e agora, que partilha das mesmas aspirações e dos mesmos gostos. Que ri connosco. Que partilha o quotidiano e nos ajuda nos pequenos nadas. Que, e parafraseando as autoras iniciais desta reflexão, se encaixa na nossa vida e nós na dele. Com os defeitos e qualidades que rimam connosco.
19 comentários:
Right Now? let me think .. :)
primeiro dos primeiros já estava com saudades .. depois, que acrescentar, Paula? .. sorte de quem tem quem honestamente ature o que rima com .. confuso? também.
:)
Kiss
CPrince,
Primeiro dos primeiros: thanks! :)
Confuso?! Nada! Sorte de quem terá? Certamente.
Bjs
saudades Paula !!! :-)
and what about Mrs. Right and Mrs. Right Now?! The same feeling, the same reality, the same treasure...
Welcome back Pricness :-)
Flip,
:):)
Always the same feeling and the same reality, of course!... ;)
Bjs
Queremos ter o “right now” ali ao nosso lado, um clone dos nossos desejos e defeitos, mas é na “right person” que creio estar a alma que nos completa, diferente q.b., que nos entende, às vezes repreende, nos completa e apoia, às vezes adverte, acompanha e nos faz feliz. Que prazer em relê-la Paula.
Beijinhos
Paulofski,
A right person é portanto o right now... I guess... ;)
Bem-haja pelo mimo! :)
Bjs
A vida é uma amálgama de versos dispersos. Nós é que os fazemos rimar, ainda que, às vezes, saiam rimas quebradas...com ou sem ajudante de leitura.
infelizmente continuamos pelo mau caminho... é apenas um erzatz, mais mal montado, do príncipe encantado e uma vez mais sem grande relação com os homens (XY) reais. estamos ainda longe das palavras sábias:
"ou há vontade de foder ou está tudo fodido".
... um texto bem esgalhado e que revela as preocupações sociais da autora nos tempos que correm.
beijos, sorrisos e óptimo domingo.
ersatz e não erzatz...
(saudades eu)
:))
Uma versão às avessas de Dr. Jekyll and Mr. Hyde. Aprecio o seu olho que tudo vê.
Estive fora por uns tempos, e, pelo visto, você também. Tem razão, também é preciso aprender e conhecer melhor o mundo azul.
Um beijo!
Luis Bento,
Até as rimas quebradas são da nossa autoria... ou, pelo menos, de nossa co-autoria... ;)
Felix,
Não percebi: o seu ersatz tem a ver com o conceito de Mr. Right em si, ou com esta minha tentativa de o entender?... (não está fácil...) ;)
Quanto à "citação": verdadeira mas um pouco redutora, não...?
Legível,
Agradecida pelo simpático comentário :)
As minhas desculpas por só agora responder, mas... :)
Bjs
CPrice,
Ó linda, obrigada....! :) Estive de férias e de preguiça também, confesso!... ;);)
Bjs
Oliver,
Tem razão: o mundo azul, à semelhança do mundo rosa, também ele não vem com manual de instruções, não é mesmo?!:):)
Arredada destes espaços, sim... miséria!! Hei-de voltar, espero... ;)
Bjs
ersatz significa substituto e é um conceito da psicanálise (que Deus a tenha em descanso!).
a citação é redutora, mas é claro, ora essa!, querias o quê, uma tese de mestrado num comentário de blog?
Felix,
Tese de mestrado??!!! Pois...
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