Saí para comprar bolos e regressei com um candeeiro na mão. Assim mesmo.
Desde o tempo em que os animais falavam que andava para comprar um candeeiro para um espaço lá de casa, mas não havia maneira. Ou por isto, ou por aquilo, ou porque não. E todos sabemos como é difícil ter uma ideia feita, bem esculpida, dentro da nossa cabeça, e encontrá-la materializada lá fora, leia-se numa loja, ali mesmo à mão de semear, disponível para a pegarmos e levarmos connosco.
Aproveitei uma aberta na chuva de Outono e saí, para comprar bolos. Nem gulosa sou (só por pudins!...), só que nesse instante pensei que um bolo seria um bom remate daquilo a que chamei almoço, um mimo. Mas, pés na rua, e os passos fizeram-me ignorar a pastelaria em questão e puseram-me a subir a calçada. Deve de ser um sintoma típico do cor-de-rosa, do feminino, isto de não ir direito ao assunto, de tornear e dar voltinhas, tropeçando em mil e uma coisas neste ziguezaguear habitual. Espreitei duas lojas de chinês, passei as mãos por umas quantas peças, imitações de outras mais bem acabadas. Olhei em redor e apreciei genericamente o brique-à-braque destes espaços que, em boa verdade, não apresentam grande originalidade, a não ser que aceitemos como original um conjunto infindável de imitações baratas. Olhei para muito e decidi-me por nada.
Saí, e continuei a subir a calçada, lembrando-me de que há uma loja de pequenos nadas absolutamente fantásticos, com um certo look neo-pop que sempre me fascinou. Vou passar por lá, pensei. E, como é óbvio, não passei, até porque “descobri” esta outra de candeeiros…
Já com a compra realizada e transportando um saco enorme e transparente, voltei ao local de origem, àquele de onde tinha saído com a firme intenção de me mimar com um bolo. Pelo caminho, as imagens do costume: janelas pequenas em rés-do-chão rasteiros, uma velha senhora de óculos redondos encavalitados no sítio que é suposto, fachadas gastas pelo tempo e outros sinais de um bairro antigo e familiar.
No final de contas, o mimo foi alcançado. Não o que tinha na ideia mas o outro, mais antigo e consistente. E se me perguntarem se para mim é mais bolos, direi: hum, talvez não!...
2 comentários:
Mulher que é mulher é assim mesmo. Só não se reconta é tão bem como tu fazes.
Beijinhos
Blue,
Nem mais, está-nos nos genes! :)
Agradecida......... :)
Bjs
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