... E não será esta a moral de todos os filmes de aventura? A caça ao tesouro, seja ele o ouro ou o conhecimento e poder absolutos, em que o herói - porque inteligente, sensato e sensível às coisas do passado - compreende que mais vale preservar os tesouros antigos em vez de tirar deles partido em proveito próprio. Se não for esta a moral de todos os filmes de aventura é, pelo menos, a desta saga.
O regresso do herói, após cerca de duas décadas de hibernação. Um dos aspectos que mais me atrai na saga é a opção por um enredo analógico, em contraposição com o digital dos recentes filmes de entretenimento. Justificado talvez pela datação dos primeiros filmes, nos inícios de 80, em que o recurso aos efeitos especiais era apenas emergente e ainda não estava tão desenvolvido. Mas, e apesar disso, muito mais uma opção estética do que propriamente técnica, penso eu.
Spielberg mantém a velha fórmula, com as inúmeras sequências de mirabulantes perseguições e cenas de pancadaria e soco em abundância. O um contra todos, o bem contra o mal. À mistura, pinceladas dos velhos gags, pequenas notas de humor que tão bem caracterizavam esta série de aventura. Não deixa de ser enternecedor ver que, nos dias de hoje, se fez um filme com base nos velhinhos ódios da Guerra Fria, se ressuscitou o cliché, assistindo-se à condenação dos russos perante a "moralidade branca" dos americanos... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e este argumento - que já não convence ninguém - serve de cenário a mais uma aventura de Indy, o herói charmoso e inteligente que qualquer um de nós acompanharia até ao fim do mundo...
Reviver o passado em Indiana Jones: se não nos faz mais saltar na cadeira nem suster a respiração, tem, no entanto, o brilho suave da nostalgia. Uma doce lembrança.