Esta é uma obra que faz parte do meu imaginário, e sempre dele fará.
Despeço-me de 2007 indo reviver um dos grandes êxitos de sempre, e uma das minhas eternas paixões, Jesus Christ Superstar, agora em versão portuguesa encenada por Filipe La Féria.
Em Portugal existe um preconceito em relação aos musicais, que são catalogados, por muitos, como espectáculos populares, logo, uma espécie de arte menor. E como em Portugal "musical" é sinónimo de La Féria, este "apanha por tabela". Apesar de já ter visto alguns dos seus espectáculos, confesso que nem todos os que produz me suscitam interesse, o que me tem feito falhar uns quantos. Mas, ainda assim, reconheço o seu mérito. Não que eu tenha tirado o dia para defender La Féria, mas só lamento que quem é sempre tão crítico em relação a musicais não perca um, desde que esteja de passagem por Londres ou Nova Iorque. Talvez porque faça parte do roteiro...
Estou a escrever este post "a quente", acabada de sair do teatro, e nem sequer li as críticas sobre a peça. Mas, em minha opinião, este é talvez o seu melhor espectáculo. Bastante colado à versão original, que Tim Rice e Andrew Lloyd Webber estrearam em Nova Iorque em 1973, este Jesus Cristo Superstar conta com um elenco de 54 actores, cantores e bailarinos. O espectáculo a que assisti tinha Gonçalo Salgueiro no papel de Jesus de Nazaré e Laura Rodrigues em Maria Madalena. Mas é Pedro Bargado, em Judas Iscariotes, que concentra todas as atenções, não só porque é ele o narrador da história - tal como no original - , mas, e sobretudo, pelo magnífico desempenho, tanto como actor, bailarino ou cantor.
Em Jesus Christ Superstar existem múltiplas referências contemporâneas, o que garantiu a intemporalidade da obra. São disso exemplo (a par da música de eleição!) a caracterização das personagens - ora à época, ora actuais - , e todo um conjunto de adereços e de referências típicas dos anos 70. Ora esta versão portuguesa também ela pretende aludir a aspectos contemporâneos, como, por exemplo, o ataque às torres gémeas, de 2001, logo no início do espectáculo.
A peça que acabei de ver em nada desmereceu o original de 1973, mantendo sempre uma intensidade dramática muito grande. O meu mais sincero aplauso!